O Reino Unido vai lançar um sistema de identificação digital
O governo britânico anunciou planos para um sistema de identificação digital obrigatório. As autoridades argumentam que esta medida irá travar a imigração ilegal e modernizar o acesso aos serviços. No entanto, os críticos alertam para o facto de a proposta correr o risco de comprometer a privacidade e excluir grupos vulneráveis.
Antecedentes
Anteriormente, a Grã-Bretanha eliminou os bilhetes de identidade em papel após a Segunda Guerra Mundial e resistiu ao seu regresso durante décadas. Além disso, as tentativas anteriores de reintroduzir os bilhetes de identidade fracassaram devido à forte oposição política e às preocupações com as liberdades civis.
No entanto, muitos países europeus já utilizam sistemas de identidade digital. Assim, a tendência mundial para uma verificação digital segura está a acelerar e o Reino Unido está sob uma pressão crescente para a acompanhar.
Antecedentes da identificação digital
De acordo com o Ministério do Interior, a identificação digital incluirá dados pessoais como o nome, a fotografia, a nacionalidade e o estatuto de residência. Além disso, será armazenado em smartphones ou plataformas seguras e ligado a serviços essenciais como a segurança social, impostos e registos de condução.
Além disso, a prova de identificação digital será obrigatória quando te candidatares a um emprego, garantindo que apenas as pessoas com estatuto legal possam ser empregadas.
Objectivos do Governo
De um modo geral, os funcionários consideram a medida de identificação digital como um instrumento para desencorajar a migração ilegal. Ao bloquear o acesso a empregos formais, esperam reduzir os incentivos à chegada de pessoas sem documentos.
Além disso, os ministros destacam os ganhos de eficiência. Alguns afirmam que o sistema tornará mais rápidas e seguras as transacções quotidianas, desde o aluguer de casa até aos serviços bancários. Por outro lado, esta afirmação está em sintonia com os apelos populistas a uma aplicação mais rigorosa das fronteiras e a um maior controlo da imigração.
Oposição e preocupações com a identificação digital
Os opositores argumentam que o plano corre o risco de se transformar numa sociedade de vigilância. Enquanto os liberais democratas consideram que se trata de “um ataque às liberdades britânicas”, os conservadores manifestam preocupação com os custos.
“Não apoiaremos qualquer sistema que seja obrigatório para os britânicos ou que exclua aqueles que optam por não o utilizar de qualquer dos direitos da sua cidadania”, declarou Kemi Badenoch, líder do partido conservador.
Entretanto, grupos de defesa dos direitos civis alertam para o facto de milhões de pessoas sem smartphones ou literacia digital poderem ser excluídas. Além disso, a segurança dos dados é outro fator. De facto, os activistas citam as anteriores violações governamentais como prova de que as informações sensíveis nunca estão totalmente seguras.
Reação do público à identificação digital
Em geral, a opinião pública está muito dividida. Nomeadamente, uma petição recente contra os bilhetes de identidade obrigatórios reuniu mais de um milhão de assinaturas em poucos dias.
No entanto, uma sondagem da Ipsos revelou que 57% dos britânicos apoiam a identidade digital se esta ajudar a controlar a migração. No entanto, a transição para sistemas digitais exigirá uma confiança alargada, e ganhar essa confiança continua a ser incerto.
O que está em jogo
O anúncio é feito pouco antes da conferência anual do partido no poder. Os líderes esperam que a política de identificação digital demonstre força em relação à imigração, num contexto de crescente pressão populista.
Entretanto, os partidos da oposição vêem uma oportunidade para classificar a medida de pesada e arriscada.
Perspectivas
Em seguida, a proposta de ID digital passa agora a ser objeto de consulta antes de eventual legislação. Em particular, as questões fundamentais incluem salvaguardas de inclusão, quadros de proteção de dados e custos de implementação.
Entretanto, os analistas alertam para o facto de ser provável que haja contestações legais se a proteção da privacidade se revelar fraca.
Conclusão
Atualmente, o Reino Unido enfrenta um teste crucial. Enquanto os apoiantes vêem a identificação digital como moderna, eficiente e necessária, os detractores consideram-na intrusiva e perigosa.
Em última análise, o sucesso do projeto dependerá do equilíbrio entre a segurança e as liberdades civis num clima político profundamente dividido.
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